A filósofa e escritora Djamila Ribeiro, um dos principais nomes contemporâneos na luta antirracista no Brasil, esteve no Recife para ministrar a conferência da abertura do ano letivo da rede municipal de ensino. O evento ocorreu em fevereiro, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco, e reuniu milhares de professores e educadores.
Ao longo de mais de uma hora, Djamila debateu sobre importantes aspectos de combate ao racismo, evidenciando o papel das escolas na construção de cidadãos que combatam as discriminações existentes na sociedade. Como mote do encontro, o questionamento: por que é importante a gente debater sobre racismo e abordar práticas antirracistas nas escolas?
Autora de quatro livros, e idealizadora da coleção e do espaço Feminismos Plurais, a escritora destacou que é dever das escolas, e dos educadores, pautar o antirracismo em sala de aula e debater sobre a história e a cultura da população negra brasileira. O assunto, inclusive, está legitimado na Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira no currículo oficial da rede de ensino. No entanto, esta não é a realidade em muitas unidades escolares espalhadas pelo país.
“Se eu não trago a compreensão da realidade da população negra, provavelmente eu vou reproduzir o pacto narcisístico da branquitude. O educador não pode dizer que não fala sobre a história da população negra porque não conhece. É preciso estudar”, frisou.
Ela também reforçou a ideia de lugar de fala, conceito explorado em seu livro homônimo, um dos mais vendidos no país, enfatizando que todas as pessoas, incluindo pessoas brancas, possuem lugar de fala quando o assunto é racismo.
“É preciso que as pessoas brancas compreendam o seu lugar da fal na luta antirracista . Se você é educador, fale sobre isso na sala de aula. Se é gestor, pense em políticas públicas. Pessoas brancas devem pensar a partir do lugar de privilégio”, pontuou.
Djamila Ribeiro encerrou a palestra sob fortes aplausos e gritos que enfatizavam a qualidade do seu trabalho e a importância do tema. Ela também recebeu certificado e foi presenteada com um bolo de rolo, patrimônio imaterial do estado de Pernambuco, entregue pelo secretário de Educação do Recife, Fred Amâncio.