1º Festival Pernambucano de Literatura Negra., no Recife. Foto: Acervo Pessoal.
Um grande encontro de escritores negros pernambucanos. Esse vai ser o Festival Pernambucano de Literatura Negra (FLIPEN). Com o objetivo de evidenciar a literatura e promover o antirracismo por meio de rodas de diálogos, palestras, lançamento de livro, sessão de autógrafos e saraus poéticos, a 2ª edição do evento será realizada no próximo dia 27 de junho, quinta-feira, no auditório da biblioteca da Universidade Vale do São Francisco (UNIVASF), em Petrolina (PE), das 13h às 20h. O festival conta com patrocínio do Banco do Nordeste, via Lei de Incentivo à Cultura. O evento é gratuito e aberto ao público.
“O festival faz parte da luta contra a invisibilidade e o apagamento histórico que recaem sobre escritores e intelectuais negros, combatendo, assim, o racismo estrutural e estruturante presente em nossa sociedade. O evento vai exercer um importante papel na luta antirracista, atuando na promoção de uma representatividade literária tão necessária e urgente”, comentou a jornalista e escritora Jaqueline Fraga, idealizadora do projeto. “A gente quer consolidar o evento como parte do calendário cultural e literário de Pernambuco, promovendo a visibilidade da literatura produzida por autores negros do estado”, acrescentou ela.
Na primeira mesa do dia, o historiador Emanuel Lucas e a cantora Raquel Wesley vão tratar do tema “Poesia e representatividade”. Ele é produtor cultural e idealizador do Afropolita, um laboratório e assessoria que promove educação afro referenciada e quilombista, capacitando comunidades através da autogestão e sustentabilidade econômica. Já Raquel tem uma carreira artística com vivências em Pernambuco e Bahia. Também participou de festivais musicais em diversas localidades do Nordeste.
Dando prosseguimento aos eixos temáticos, o festival traz o tema “Mulheres negras na literatura”, que terá como uma das debatedoras a escritora Milena Silva, que, em 2016, com 15 anos de idade, publicou seu primeiro livro de poesias "Rascunhos de Memória". Logo depois vieram outros, junto ao coletivo Vozes Mulheres: além das Margens, lançou o Videobook "Vozes Mulheres" (2021), uma coletânea audiovisual de poemas autorais das escritoras Pók Ribeiro, Bia Camélia, Hannah S. Lima, Ruthe Maciel e Yasmin Rabelo. Para coroar a discussão, o FLIPEN recebe a escritora Ioná Pereira, conhecida por suas contribuições à literatura brasileira e seu engajamento com temáticas sociais. Ela é licenciada em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação São Judas Tadeu - ISESJT (2016); especialista em Estado e Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais pela UFBA (2018); Mestra em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental UNEB (2020), e,também, licenciada em História UNIFAVENI (2023).
Para trazer mais conhecimento para o público, o terceiro encontro temático dentro da agenda do evento aborda “Literatura e intelectualidade como instrumentos políticos”. Na ocasião, participa a jornalista e professora universitária Carla Paiva, autora do livro: Feminismo no cinema brasileiro da década de 1980: a representação das mulheres nordestinas nas telas. Quem se soma à conversa é o professor e doutor em geografia Guilherme José Ferreira de Araújo, um dos organizadores das duas edições do livro "Dinâmica Socioespacial do Submédio do Vale do São Francisco e autor do livro "Um nordestino em uma universidade alemã". A psicóloga panafricanista Luádia Mabel, colunista do blog Notas Pretas há sete anos, escritora dos livros "Liberdades Pretas" (2020) e "Tessituras Narrativas" (2021), também contribuirá com sua análise para o festival.
Em seguida, entra em cena a mesa “Jornalismo literário e literatura de não-ficção” . Um dos autores que participa deste bate-papo é o jornalista e historiador Jota Menezes. Ele, que é autor das obras: "Televisão, Poder e Cidadania" (livro reportagem), "Trilogia Borboletas Azuis" (Bela Vista, Batismo de Sangue - Um soldado negro na guerra do Paraguai) e Co-autoria em "Um Geral do Brasil" - Histórias de um menino ribeirinho e "Versos em Pandemia e Resistir para existir - O Samba de Véio da Ilha do Massangano". Além dele, haverá a presença da jornalista Ana Carla Nunes, escritora do livro “Às Margens do Velho Chico Nascem as Histórias”. A obra literária é a maneira que ele encontrou para se apresentar às pessoas e ao mundo sobre seu fascínio pela comunicação e nos detalhes de tudo que faz. E para colocar mais tempero na conversa, a jornalista Gislaine Milca, traz seu olhar como autora do livro reportagem "Os caminhos das margaridas: vidas, memórias e cotidiano das trabalhadoras da limpeza urbana de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE)", fruto do trabalho de conclusão de curso, publicado em 2021 pela Editora Letramento.
A programação também vai contar com o lançamento do livro “Pandemia: os reflexos da maior emergência sanitária do planeta em 15 reportagens especiais” de Jaqueline Fraga. A autora já foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria “Biografia, documentário e reportagem" e também conquistou a menção honrosa do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo com o livro "Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho". Também já foi repórter do jornal Folha de Pernambuco. Em 2023, foi uma das vencedoras do Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. No mesmo ano, também venceu o Prêmio Inspirar, na categoria Mulheres, e foi homenageada em três ocasiões pela Câmara Municipal do Recife, com reconhecimentos por sua trajetória e carreira enquanto jornalista e escritora. Também recebeu uma moção de aplausos pela Câmara Municipal de Igarassu por sua atuação enquanto repórter.
Em uma celebração marcante para a literatura negra, o FLIPEN abre uma agenda especial para receber os escritores independentes da região do Vale do São Francisco, para uma tarde de sessão de autógrafos coletivos. A iniciativa, que tem como objetivo incentivar e reconhecer a contribuição dos escritores negros e escritoras negras para a literatura sertaneja, responsavéis por dar vozes ao interior do Brasil, traz, para o palco, Graciele Castro, sócia-fundadora da Editora Cordelaria Castro; Cicero Antônio, autor do livro "Versos sem legenda"; Gled de Souza, responsavél pela publicação "Da cor que pulsa na veia"; e Ana Costa, romancista e poetisa, escritora de oito livros, sendo o mais recente "Antologia Nordestinamente Poesia, Editora Oxente (2024).
A programação vai entrar pela noite com o encerramento dedicado a um sarau literário. Ponto alto na luta pela visibilidade e valorização da literatura negra, o ato busca ser um espaço de oportunidade e celebração à contribuição dos escritores negros à cultura e a história do Brasil.
Para mais informações, basta acompanhar os perfis do Instagram @festivaldeliteraturanegra_pe e @negrasouoficial, enviar um e-mail para festival@negrasou.com.br ou acessar o site negrasou.com.br/festival.
IDEALIZADORA - O Festival Pernambucano de Literatura Negra foi idealizado pela jornalista e escritora Jaqueline Fraga. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco, é também administradora pela Universidade de Pernambuco, com MBA em Comunicação e Jornalismo Digital pela Universidade Cândido Mendes. Apaixonada pela escrita e pelo poder de transformação que a literatura e o jornalismo carregam consigo, é autora de quatro livros, incluindo o livro-reportagem “Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho”. A obra foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Biografia, Documentário e Reportagem, menção honrosa do Prêmio Maria Firmina de Literatura na categoria Não-Ficção e também do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo na categoria Grande Reportagem. Além disso, a série de reportagens venceu o Prêmio Antonieta de Barros Jovens Comunicadores Negros e Negras.
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Serviço:
O quê: 2º Festival Pernambucano de Literatura Negra evidencia o trabalho de escritores negros do estado
Quando: Dia 27 de junho, quinta-feira
Onde: Auditório da biblioteca da Universidade Federal do Vale do São Francisco ( UNIVASF), Petrolina.