Festival teve edição em Petrolina. Foto: Line Vital
No sertão pernambucano a literatura vem florescendo como nunca antes. A aridez do solo contrasta com a fertilidade das ideias que emergem das mentes dos escritores e escritoras negras do interior do estado. Isso é o que pode ficar constatado no 2º Festival Pernambucano de Literatura Negra, realizado no último dia 27 de junho, o qual reuniu um importante time de escritores da região. Juntos, eles puderam trocar experiências e refletir sobre o mercado editorial autoral, entre outras temáticas, que estão no dia-a-dia da produção literária em um território tão marcado pela desigualdade social, cultura e educacional. O evento, realizado no auditório da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, teve patrocínio do Banco do Nordeste, via Lei de Incentivo à Cultura.
Com uma programação diversificada, o festival reuniu autores, poetas e acadêmicos em uma programação que incluiu uma série de mesas-redondas, lançamentos de livros e apresentações de saraus. Elaborado a partir de uma cuidadosa curadoria, o FLIPEN trouxe para o público temas urgentes e relevantes, como racismo, resistência, ancestralidade e a importância da representatividade na literatura.
“Este espaço foi uma forma que encontramos para valorizar essa rica geração de autores do Vale do São Francisco. Estamos saindo daqui mais fortalecidos, sobretudo, por saber que escritores e leitores seguem firmes, de mãos dadas, em defesa do nosso legado, que é a cultura literária. Foi um espaço inspirador, que contribuiu para que crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homens, idosos, pessoas com deficiência e público LGBTQIAPN+, sigam escrevendo suas poesias, cantos, versos e histórias. Viva a literatura afro-brasileira”, comemorou a jornalista e idealizadora do projeto, Jaqueline Fraga.
Dentro do festival, as mesas temáticas foram um ponto alto de discussão e reflexão, abordando uma ampla gama de questões relevantes para a comunidade negra. Cada painel buscou apresentar à plateia um olhar aprofundado de como a sociedade pode ser mais justa e inclusiva a partir do fortalecimento do trabalho literário. Os escritores Emanuel Lucas e Raquel Wesley debateram sobre poesia e representatividade literária. Logo em seguida, foi a vez das escritoras Ioná Pereira e Milena Silva apresentarem reflexões sobre a presença das mulheres negras na literatura. O evento também abordou a literatura e intelectualidade como instrumentos políticos, que teve a contribuição dos escritores Luádia Mabel, Guilherme Araujo e Carla Paiva. Outra temática em questão foi sobre o jornalismo literário e a literatura de não-ficção, que teve a participação de Ana Carla Nunes, Jota Menezes e Gislaine Milca.
Um dos momentos mais aguardados pela plateia foi o lançamento do livro “Pandemia: os reflexos da maior emergência sanitária do planeta em 15 reportagens especiais”. O livro-reportagem foi lançado pela jornalista e escritora Jaqueline Fraga. Outro lançamento muito aguardado foi o livro “Um nordestino numa universidade alemâ”, escrito pelo professor Guilherme Araújo, docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Os autores contaram detalhes da produção das obras e participaram de um bate-papo inspirador com o público.